Saiba quando é indicada a cirurgia para epilepsia

Funcionalitá • out. 22, 2020

A epilepsia é um distúrbio neurológico caracterizado por uma susceptibilidade do paciente a apresentar crises epilépticas.



A crise epiléptica, por sua vez, pode acontecer em pessoas sem que elas tenham epilepsia, como, por exemplo, na vigência de febre, uso de drogas ou distúrbios metabólicos. Estima-se que até 10% da população poderá ter uma crise epiléptica ao longo da vida.


Porém, na ausência de fatores causais como os citados, o paciente portador de epilepsia sofre uma alteração temporária e reversível do funcionamento elétrico cerebral, que pode durar de alguns segundos a minutos.


Há uma emissão incorreta de sinais elétricos no cérebro doente, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Caso fiquem restritos, chamamos de crise parcial, mas caso haja envolvimento dos dois hemisférios cerebrais, temos as crises generalizadas.


Assim, a sintomatologia das crises epilépticas é bem variável, de sintomas mais ou menos evidentes até uma convulsão (crise generalizada com fenômenos motores intensos), tampouco significa que o problema tenha menos importância se a crise for menos aparente.


Geralmente, o tratamento inicial é feito com medicações anticonvulsivantes ou antiepilépticas e muitos pacientes conseguem controlar as crises dessa forma. 


Contudo, quando o tratamento medicamentoso não é eficaz para controlar as crises epilépticas ou quando o paciente não tolera os efeitos colaterais destas medicações, a cirurgia para o tratamento da epilepsia pode ser uma ferramenta no tratamento desta doença, com o objetivo de controle de crises, melhora da qualidade de vida e diminuição das medicações.


Pensando nisso, vamos explicar como funciona o procedimento cirúrgico e em quais casos ele é indicado. Entenda a seguir!

Como funciona a cirurgia para epilepsia?

A cirurgia, quando bem indicada, pode melhorar a qualidade de vida do doente, com o controle adequado das crises e redução do uso das medicações anti-epilépticas.



Ela pode ser de 3 tipos:

  • Ressectivas: remover a área do cérebro responsável pelas descargas anormais que causam as crises epilépticas;
  • Desconectivas: seccionar os feixes de neurônios que propagam as crises de um parte doente do cérebro para uma área sadia;
  • Neuromodulatórias: controlar a corrente elétrica anormal que se espalham através de dispositivos implantados em nervos ou áreas cerebrais específicas.


Existem vários métodos cirúrgicos, que variam conforme o tipo de epilepsia. Veja os principais!

Ressecção focal

Neste tipo de cirurgia ressectiva, remove-se apenas a parte do cérebro de onde se originam as crises epilépticas, sem afetar as estruturas cerebrais adjacentes


O paciente é investigado minuciosamente antes da cirurgia com exames complementares para termos a certeza que o foco da crise é aquela área específica a ser ressecada.


Após esta investigação, essas áreas são ressecadas por técnicas microcirúrgicas precisas, e pode ser utilizada no tratamento de doenças como a esclerose medial temporal, displasia cortical, gliomas de baixo grau, entre outros. 



Em alguns casos, antes da ressecção da área suspeita, podemos colocar uma placa em cima do cérebro para monitorar e ter maior certeza das áreas envolvidas nas crises epilépticas.

Hemisferotomia

Esta cirurgia é indicado para casos mais graves, nos quais há amplo envolvimento de algum hemisfério cerebral. Existem várias conexões entre os hemisférios cerebrais e o lado doente pode propagar as crises para o lado sadio, impedindo o seu correto funcionamento e desenvolvimento. 



Assim, esta cirurgia visa desconectar o hemisfério doente do sadio e ressecar algumas áreas potenciais geradoras de crises epilépticas.

Calosotomia

Em vez de remover as áreas cerebrais que desencadeiam as crises epilépticas, esta cirurgia visa seccionar o corpo caloso, principal comunicação entre os dois hemisférios cerebrais, impedindo a propagação da crise para o lado são


Na hemisferotomia, uma das etapas cirúrgicas consiste numa calosotomia. A calosotomia isolada pode ser empregada nas crises do tipo drop attack.

Cirurgias Neuromodulatórias

1. Estimulador de Nervo Vago (VNS)

O nervo vago possui uma função importante na transmissão e mediação de informações do corpo para o cérebro. A colocação de um eletrodo neste nervo na região cervical, ligado a um gerador de pulsos (espécie de bateria), permite a modulação das crises e controle dos impulsos elétricos irregulares, evitando as crises epilépticas.

2. Estimulação Cerebral Profunda (DBS)

Um eletrodo é introduzido no cérebro após seu mapeamento e ligado a um gerador externo. Assim as crises epilépticas podem ser controladas através deste tipo de modulação, que impede o desencadeamento e propagação das crises.

Quando o procedimento indicado?

Para avaliar se a cirurgia para epilepsia é a melhor opção, o paciente diagnosticado com a condição deve realizar uma série de exames, como ressonância de crânio, eletroencefalograma, vídeo-eletroencefalograma e avaliação neuropsicológica.


É preciso excluir a possibilidade de diagnósticos alternativos, como eventos não epilépticos, que se parecem com as crises epilépticas, mas não apresentam descargas elétricas cerebrais anormais.


Outra condição para que se adote o procedimento cirúrgico é que a epilepsia seja incontrolável com medicamentos


Também é indicado nos casos em que as crises ocorrem em uma parte do cérebro que pode ser removida sem causar maiores danos.



Por fim, é importante ressaltar que a cirurgia para epilepsia é de alta complexidade e requer uma equipe altamente especializada. Além disso, a intervenção cirúrgica não é recomendada para qualquer caso de epilepsia.


Por isso, é fundamental consultar um especialista para realizar o correto diagnóstico e avaliar o tipo específico de epilepsia. Assim, é possível fazer o acompanhamento e o tratamento adequado do paciente.


Para obter mais informações, acompanhe outros artigos na nossa Central Educativa!

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