Hipertireoidismo – Será que minha tireoide está trabalhando demais?

Funcionalitá • nov. 12, 2021

É comum encontramos alterações nas dosagens de hormônios feitos, muitas vezes, para avaliações de rotina, os famosos check ups. Em relação aos hormônios para avaliação da função da tireoide (TSH e T4 livre), é comum oscilações nos seus valores que, na maioria das vezes, aparecem de forma transitória e se normalizam em até 50% dos casos após um período médio de 6 meses.1 


As alterações da tireoide podem ser por baixa da produção do hormônio, conhecido por hipotireoidismo, ou por excesso de produção, o chamado hipertireoidismo.


Vamos conversar um pouco sobre o hipertireoidismo. Ele é definido pelo excesso de produção de hormônio pela tireoide (o T4 e o T3) e pode ser transitório (mais comum) ou persistente. Os casos transitórios podem ser causados por uso de hormônio tireoidiano em excesso, fase inicial de uma tireoidite (inflamação da tireoide) ou até infecções e uso de outras medicações.


Já no caso do hipertireoidismo persistente, aquele que no geral leva o paciente ao endocrinologista, na maioria das vezes está relacionado a produção de anticorpos, pelo próprio organismo, chamados autoanticorpos, que por sua vez estimulam a produção e secreção do T3/T4 pela tireoide. Esse autoanticorpo é chamado TRAb. 


O hipertireoidismo causado pelo aparecimento do TRAb é chamado Doença de Graves, é mais comum nas mulheres, acometendo até 3% delas durante a vida2.


Os sintomas mais comuns do hipertireoidismo por Doença de Graves são:


  • Ansiedade e alterações do humor (impaciência, irritabilidade, agressividade etc.)
  • Fraqueza
  • Tremor
  • Palpitações
  • Intolerância ao calor
  • Perda de peso
  • Aumento do apetite
  • Insônia


O diagnóstico é feito através da análise da história clínica do paciente, um exame físico envolvendo análise do peso, pressão arterial, frequência cardíaca, avaliação da tireoide e principalmente dos olhos. Os olhos podem ser acometidos pelo TRAb, levando a uma inflação nas pálpebras e na gordura que fica atrás dos olhos, os empurrando para a frente, dando a sensação de olhos “esbugalhados” (exoftalmia).


O diagnóstico envolve a dosagem dos hormonios no sangue (TSH que estará normalmente baixo), T4 livre e T3 (que estarão elevador e TRAB (também elevado). Além disso, podemos realizar um ultrassom da tireoide para ver o tamanho e afastar a presença de nódulos, bem como uma cintilografia da tireoide, todos exames complementares ao diagnóstico clínico e laboratorial.


O tratamento inicial é feito com medicações que controlam os sintomas como aqueles que reduzem a frequência cardíaca e a ansiedade, associados a medicações que bloqueiam a produção e liberação dos hormonios tireoidianos. Metade dos casos se resolverá em 12 a 18 meses3, para os demais o acompanhamento clínico é importante na definição do tratamento, podendo ser a manutenção das medicações, uso de iodo radioativo para “queimar” a glândula e até cirurgia para retirada da glândula.


Hipertireoidismo é uma doença com múltiplas causas e a Doença de Graves é sua causa permanente mais comum, sendo o acompanhamento médico especializado fundamental para o seu correto diagnóstico e tratamento.



Fontes:


  1. JAMA. 2019; 322(2):153-160.
  2. JAMA. 2015;314(23):2544-2554.
  3. www.uptodate.com/diagnosisofhyperthyroidism



Responsável Técnico:

Dra. Caroline Oliveira,
Endocrinologista e Metabologista pela SBEM, CRM-SP: 158.966



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